Negociar o aluguel ou comprar a casa própria? Inflação faz brasileiro pensar nas opções

terça 03-05 BLOG

O brasileiro que vive de aluguel foi surpreendido nos últimos meses com a forte alta do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), muito utilizado para reajustar os contratos de aluguel no país. Até o fim de agosto, o índice acumulava alta de 16,75% no ano e de 31,12% em 12 meses.

Isso significa que, se um contrato de aluguel foi celebrado com a previsão de uso do IGP-M como reajuste, o inquilino teria que arcar com um aumento de 31% no valor que paga atualmente na renovação anual do contrato. Supondo que o locatário pague um aluguel de R$ 2 mil, esse valor subiria para R$ 2.622,40 após o reajuste pelo IGP-M, um aumento de mais de R$ 600.

Negociação é fundamental

A solução encontrada por muitos brasileiros foi a negociação. Tanto para quem aluga imóvel direto com o proprietário como para quem tem contrato com uma imobiliária, a saída foi conversar e chegar a um acordo benéfico para as duas partes.

A estudante Luísa Silva mora sozinha e teve que conversar com a dona do apartamento que aluga em Brasília pois não teria condições de arcar com o aumento do IGP-M.

 

“EU TIVE QUE ENTRAR EM CONTATO COM O PROPRIETÁRIO E DIZER QUE ESSE AJUSTE DE MAIS DE 30% NÃO CABIA NO MEU ORÇAMENTO. ELE ENTENDEU E NEGOCIAMOS UM REAJUSTE DE 10%. NO FINAL, NÓS DOIS GANHAMOS, PORQUE EU SAIRIA DO IMÓVEL SE O AUMENTO SEGUISSE O IGP-M, OU SEJA, O PROPRIETÁRIO FICARIA COM O IMÓVEL VAZIO”, EXPLICA.

A negociação é importante pois resguarda o proprietário ou a imobiliário de uma possível inadimplência diante de um valor de aluguel muito alto e tranquiliza o locatário, que consegue pagar o reajuste que cabe no seu bolso.

Mudança do índice

Outra opção encontrada por alguns locatários foi mudar o índice usado para reajustar o contrato de aluguel. Em vez do IGP-M, muitos inquilinos querem utilizar o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), considerado a inflação oficial do país, para realizar as mudanças nos valores anualmente.

A prévia da inflação oficial de agosto ficou em 0,89% , o maior resultado para um mês de agosto desde 2002, quando o índice atingiu 1,00%. Segundo o IBGE, o índice acumula alta de 5,81% no ano e de 9,30% nos últimos 12 meses.

A partir dessa ideia, o deputado Vinícius Carvalho (Republicanos-SP) apresentou o Projeto de Lei 1026/2021 na Câmara dos Deputados, que prevê que o índice de correção dos contratos de locação residencial e comercial não poderá ser superior ao índice oficial de inflação do País, o IPCA. O texto ainda não foi analisado pelos parlamentares.

O sonho da casa própria

Além das negociações com os proprietários dos imóveis, o aumento do aluguel fez muitos brasileiros começarem a pensar em comprar sua casa própria. Com os juros baixos e a facilitação de crédito imobiliário nos bancos, muita gente fez as contas e preferiu trocar a parcela do aluguel por uma parcela de financiamento que lhe garanta um imóvel permanente.

Embora muita coisa em relação à administração financeira tenha mudado com o passar dos anos, o sonho da casa própria ainda é forte entre os brasileiros. Um levantamento da Datastore, empresa especializada em pesquisas do setor imobiliário, divulgado em março deste ano mostra que mais de 13 milhões de famílias pretendem comprar um imóvel em até dois anos.

De acordo com a pesquisa, o setor se fortaleceu nos meses de janeiro e fevereiro de 2021. A intenção de compra para os próximos 12 meses ficou estável em 57%, mesmo percentual de novembro e dezembro de 2020 do ano passado, mas o número de interessados em comprar um imóvel aumentou.

Outro dado que confirma essa tendência positiva veio da Caixa Econômica Federal, responsável por 67% dos financiamentos imobiliários do país. No mês de agosto deste ano, a Caixa bateu recorde nos números do crédito imobiliário e registrou a contratação de cerca de R$ 14 bilhões, alta de 33,3% em relação ao mesmo mês do ano passado.

O banco, inclusive, pretender manter os incentivos ao crédito e anunciou o lançamento de uma nova linha de crédito com o objetivo de atender 40% da população brasileira, aproximadamente, 100 milhões de pessoas.

O servidor público Gabriel Batista decidiu financiar sua casa própria em 360 meses. Segundo ele, o prazo longo é compensado pela ideia de estar construindo um patrimônio.

“HOJE EU PAGO PRATICAMENTE A MESMA COISA QUE EU PAGAVA DE ALUGUEL, COM A DIFERENÇA DE QUE EU SEI QUE DAQUI A UNS ANOS ESSA CASA SERÁ MINHA. ALÉM DISSO, SEMPRE QUE EU CONSIGO JUNTAR ALGUM DINHEIRO, EU ADIANTO PARCELAS LÁ DO FINAL DO FINANCIAMENTO, PARA REDUZIR O TEMPO PAGANDO O IMÓVEL”, EXPLICA.

Independente da escolha que fizer, o brasileiro sabe que, cada dia mais, a organização financeira é fundamental. Morando de aluguel ou pagando o financiamento de um imóvel, comprometer a renda exige responsabilidade e cálculos exatos para evitar uma bola de neve de dívidas.